quarta-feira, 20 de maio de 2009

Internet e as mensagens subliminares


New Jersey, 1956. Jim Vicary instalou num cinema local uma máquina chamada taquicoscópio. Tal aparelho consistia num projetor alternativo ao do filme que exibia mensagens quase imperceptíveis à consciência humana, mas que teriam, segundo as crenças de Vicary, um efeito inconsciente, abaixo do limiar de consciência, subliminar. Segundo seu experimento, um número significativo de pessoas havia respondido positivamente aos apelos das mensagens subliminares, tendo aumentado as vendas dos produtos aos quais o consumo deveria ser induzido. Exibia frames de 1/24 segundos com mensagens como "Drink Coke" ou "Eat Pop Corn". Tal experimento tornou-se lenda e existe hoje um fetiche muito grande pairando sobre as tais mensagens subliminares.
Primeiramente é preciso lembrar que Vicary admitiu anos depois ter fraudado resultados para dar maior visibilidade à sua "descoberta". Ao mesmo tempo, por outro lado, o fato dele ter engordado suas estatísticas não implica no fato de que a subliminaridade não existe. Em segundo lugar deve-se pensar também que o fetiche sobre as mensagens subliminares, por conta da própria experiência do Vicary, nos leva a crer que elas existem apenas a título de manipulação maléfica e promoção do consumo, o que é falso. É possível utilizá-las também, por exemplo, como um apoio à linguagem cinematográfica, como diversos diretores o fazem como David Fincher em o clube da luta. A questão é que elas induzem certos símbolos à cognição humana, o que pode ou não gerar resultados muito diversos, a  depender do nível de suscetibilidade a tais mensagens.
Do cinema aos computadores muita coisa se passou e as formas de se produzir video mudaram muito. Com o advento da internet e dos websites começou-se uma corrida no sentido de quem dominaria de maneira mais pungente o mercado das tecnologias visuais: veio o gif, onde o animador deveria produzir cada quadro e sobrepô-los em sequência sem áudio. Depois de algum tempo a Macromedia lança a tecnologia Flash XML, que rapidamente deslancha no mercado ao ponto que hoje podemos encontrá-la em praticamente todas animações da internet. Agora com som e trava que impede o usuário do site copiar o arquivo da animação. Do taquicoscópio com 1/24 quadros/segundo chegamos a uma outra tecnologia que permite a inserção de quadro a 1/3000 quadros/segundo e ao mesmo tempo não permite a identificação de tais mensagens tanto por sua velocidade quanto pelo usuário não poder ter acesso ao conteúdo, como se tinham na geração gif. Não sei direito aonde isso nos leva, mas é uma boa questão para se pensar.

Referência: (????) CAMPOS, R., ROBLES, S., CALAZANS, F. Flash MX como instrumento para inserção de conteúdo subliminar em animações aplicadas a web. Intercom

Se se interessou pelo tema veja este vídeo interessantíssimo (todo em inglês britânico) de um famoso apresentador da TV inglesa quase desconhecido no Brasil, Derren Brown. Neste vídeo ele convida dois membros de uma agência publicitária a criar uma propaganda com um tema proposto por ele e depois mostra um desenho que havia feito anteriormente prevendo os resultados. No fim do vídeo ele mostra como havia induzido os publicitários.



Por: Victor Martins (victormnmartins@gmail.com)

4 comentários:

  1. Bem legal o vídeo.

    Sobre mensagens subliminares, acho q posso fazer alguns comentários em aula, já que estou estudando isso para a dissertação (priming subliminar). Os efeitos são bem interessantes e consistentes na literatura...

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  2. tem um video do mesmo cara no you tube reproduzindo o experimento de vicary, mas nao encontrei o link e pus esse outro video.

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  3. O "Robles" citado nas referências é meu professor de Técnicas Publicitárias (Samuel G. Robles). Tem mais conteúdo sobre subliminar no site dele: http://tanomeusite.com.br

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