quarta-feira, 27 de maio de 2009

O e-mail e a carta


Desde que tenho acesso livre à internet em minha casa tornei-me um adepto instantâneo do e-mail e para mim ele tem sido tão comum na minha vida que não mais percebo o quão é fantástica. Como diria Caetano Veloso, sou cego de tanto vê-lo. O ritmo da sociedade contemporânea é tão just-in-time e cada vez mais as linhas de comunicação se cruzam e conectam que só podemos perceber claramente de fato o ritmo de vida que a modernidade nos trouxe nos afastando dele. Uma experiência numa pequena vila, no mato, ou em qualquer outro lugar que tenha um ritmo de vida mais lento pode mostrar do que falo. No filme Adeus Lênin!, por exemplo, podemos perceber essa questão quando ele mostra claramente o ritmo veloz da vida capitalista na Alemanha Ocidental em contraste  à estabilidade e lentidão no comunismo na Alemanha Oriental, de domínio soviético. Não é necessário que se recorra à oposição capitalismo-comunismo para que se faça essa comparação, mas ainda assim o exemplo é muito válido. Podemos pensar no advento recente do celular também. Antes todos resolviam suas ligações antes de sair de casa e em pouco tempo esqueceram esse hábito, passando a ser imperativo o just-in-time, o imediatismo do nosso cotidiano. Queremos o mundo e queremos agora, como dizia o Jim Morrison.
Pude perceber um resquício desta experiência ao preparar minha documentação para uma viagem de estudos que farei. Ao contrário da tendência quase global de digitalização, o local onde estudarei me requisita que eu envie a maior parte da documentação necessária por correio postal. Nesses últimos dias tenho percebido a diferença de tempo e o medo do extravio... Experiência a qual, para um usuário constante do e-mail, é complicada, diga-se de passagem. Enquanto o email destinatário poderia ser colocado com um Ctrl+C Ctrl+V com toda a certeza de que estava correto, tenho escrito no envelope os endereços. Minha atenção para que o endereço não seja errado fica no limiar da Neurose Obsessiva!! (hehehe) Fora isso tem ainda a questão de que há um risco de que ela extravie e eu não saiba ainda que ela seja uma carta registrada, pois o acompanhamento online da carta só é feito em território nacional e a partir do momento que elasai do país fico sem noção alguma do seu paradeiro. Tenho tentado checar por e-mail a recepção dos envelopes com a pessoa responsável, o que mostra claramente meu apego a este meio de comunicação. Espero que sejam poucas as experiências como essa que eu passe novamente. A vida sem e-mail é lenta e difícil realmente...

Por: Victor Martins (victormnmartins@gmail.com)

Um comentário:

  1. Ontem passei por uma experiência que ilustra outro lado desse 'just-in-time'. Precisava de um cabo para meu computador. Como queria de imediato, recorri a lojas físicas. Depois de rodar por todas as lojas de informática de 2 shoppings e não encontrar, acabei tendo que recorrer à internet. Costumo comprar sempre pela net pois os preços são quase sempre melhores, mas quando se quer um produto 'just-in-time' ela ainda esbarra em uma barreira: os correios.

    Não vou falar mal deles, pois os serviços tem estado cada vez mais rápidos e eficientes (minha última compra, em uma loja de campinas, chegou em 1 dia depois de postado), mas ainda não é muito lento comparado com outros serviços (vide email).

    Em SP, capital da civilização brasileira, já tem lojas que prometem entrega no mesmo dia, mas por aqui, ainda temos que deixar um pouco de lado o 'just-in-time'...

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