quinta-feira, 23 de abril de 2009


Tava aqui pensando o quanto as coisas têm evoluído tão rapidamente no Info-mar. O quanto somos subliminarmente moldados pelas novas tecnologias e suas extensões mundo a fora de maneira que o nosso comportamento (principalmente o comportamento de querer, no pensar) vai acompanhando a marcha que as inovações nos impõem, nos mostrando o quanto somos influenciáveis e dependentes de mais e mais, e um bocadinho mais de eficiência.

Lembro que no final de 2006 comprei, montei e instalei o meu primeiro computador. Me recordo, como se fosse neste exato segundo, quando apertei pela primeira vez o ‘conectar’ no meu discadorzinho de internet e estava lá: conectado a 52 kbps. No escuro do meu quarto e para as necessidades então vigentes àquele momento, meus 52 kbps satisfaziam os meus desejos virtuais, mesmo que aos trancos e barrancos, e travadas, é lógico!

Instalei o Emule, colocava alguns álbuns de música para Download e até mesmo cheguei a baixar a versão Ultimate do Windows Vista. Ficava extremamente contente quando a taxa de transferência batia míseros 6 ou 7 kbps, sinalizando a potência e saúde exacerbadas da minha placa de fax modem de 56k. Sério mesmo, deixava o Pc ligado todas às noites e, à aurora do dia, via que alguns poucos megabytes haviam sido transferidos para o Pc. Lembro que no caso do Windows Vista, passei alguns meses esperando os tais mais de dois Gigabytes serem baixados, e, como se rega um bonsai na vontade de vê-lo florescer, observava pacientemente o fluir da coisa, cada folhinha (cada bytezinho) nascer. E assim a vida ia, abrindo meus e-mails, lendo minhas notícias, feliz com meus 52 kbps.

O tempo passou e pude colocar uma internet com Banda Larga. De 52 kbps, passei a dispor de 300 kbps e parecia que desta forma estava trocando uma carroça puxada por um jegue manco por uma Ferrari de sei lá quantos cavalos de potência, e as minhas aspirações (o meu comportamento de querer) também iam formatando a minha forma de viver. Passei a explorar mais os downloads, a consumir mais música e até a baixar jogos (coisa que nunca gostei tanto).

Daí veio a internet de Um Mega, que sucedeu a de 300k, e, assim, me transformei mais ainda, por que os vídeos on-line não davam pau, e pude, então, desfrutar de mais e mais entretenimento, assistir entrevistas, baixar arquivos bem maiores com uma eficiência amplificada. O importante é que todo este processo se deu com a modelação da minha expectativa por satisfação futura. Realizar um desejo virtual se tornou mais fácil. Menos barreiras se impunham a concretização de uma ânsia.

Agora, com meus 10 Megabytes de velocidade, simplesmente a internet jorra ao Rj 45 adentro. Se quero, tenho! por que não mais me é imposta uma condição de espera. E, se Catch fire (Álbum de Bob) demora mais do que um minuto e doze segundos para ser meu, é por que algo está errado, e uma gota de insatisfação escorre através das insólitas redes da minha consciência, ferindo meu contentamento.

E se hoje o apêndice de nada vale ao homem, aquela placa de fax modem que outrora me fizera feliz, não vale mais do que uma tentativa de aproveitá-la para o engendro de um artesanato que sirva de adorno à parede de meu quarto.

Luis Alberto.

2 comentários:

  1. Hehe, eu acho divertido relembrar essas coisas... Eu tive contato com a conectividade bem antes da internet, com modem de 33k eu já entrava em bbs e baixava demos de jogos, dentre outras coisas. Depois comecei a frequentar a rede IRC, testei os Muds e até joguei warcraft 2 via rede... Tinha um bocado de coisa interessante pra fazer com um modem antes da internet fluir.

    Mas essa insatisfação com banda é normal... Agora tou com 1mb e achando lento, sendo que ano passado eu tinha uma de 300k. Como moro em uma região isolada, e 1mb é privilegio por aqui, tou satisfeito, mas assim que possível quero pelo menos uns 10mb.

    Aí já tem outra questão, que normalmente a banda real é bem inferior à contratada, existem problemas de traffic shaping (aqui em salvador acho que ainda não, pelo menos, mas no sul/sudeste é um problemão).

    As vezes me pergunto: Será que sou uma pessoa que gosta de ficar acordada de madrugada por influência das conexões limitadas de outrora? (antigamente se pagava apenas 1 pulso telefônico para ficar conectado da 0:00 às 6:00, pra quem não é desse tempo)

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