domingo, 12 de abril de 2009

Webcomics

Demorei para postar pois estava pensando em um tema, ainda. 

E a idéia me surgiu quando fui fazer a minha rotina diária de internet. Checo o Orkut, abro os emails, dois ou três sites de notícia (que eu só checo a capa e matérias da capa que me interessem) e as minhas tirinhas on-line.

Tradicionalmente, os desenhistas que queriam lançar-se em uma carreira de sucesso solo quase sempre buscavam fazer suas publicações em mídias acessíveis e conhecidas pelo grosso da população. Fala Menino, Hagar, Garfield, Calvin e Haroldo, Recruta Zero, Xaxado, Mafalda e até mesmo Turma da Mônica debutaram dessa forma. Todas elas marcaram seu sucesso em tiras de jornal. Obviamente é preciso ter uma certa notoriedade (e um pouco de "quem indica" e uma graninha) para ser "escolhido" para fazer parte das publicações do Caderno 2, mas para ter essa notoriedade é preciso que seus trabalhos sejam publicados de algum modo. Esse ciclo vicioso fazia com que novos artistas sofressem fortemente para ter seus trabalhos (e muitos deles de qualidade) publicados. Parte porque o sistema não permitia, parte porque simplesmente não havia onde publicar. Como um novo artista poderia competir com gigantes de peso internacional, como Garfield, Calvin e Haroldo, Recruta Zero e Mafalda?

Em 1986 alguém teve uma idéia diferente. T.H.E. Fox foi a primeira Webcomic a ser produzida e hospedada via FTP no mundo digital. Surge-se assim um novo meio de publicação com inúmeras vantagens (com suas desvantagens também, claro). 

As webcomics são tiras on-line. Algumas possuem o tamanho de uma página a cada publicação, enquanto outras seguem um modelo de 3 ou 4 quadrinhos e normalmente seguem algum tipo de tema específico. 

Ctrl-Alt-Del, uma das tiras mais bem conceituadas segundo as estatísticas do Alexa Internet e pelo site Keenspot (um dos maiores sites-lista de webcomics), por exemplo, trata da vida de um jovem e estúpido "gamer", seu amigo Lucas, sua esposa Lilah e seu Xbox-transformado-em-robô Zeke. Esses personagens são altamente ligados ao mundo dos games. Ethan é dono de uma loja de games, Lilah é jogadora profissional, Lucas é técnico de informática e Zeke é um robô-videogame (nada mais precisa ser dito).

Algumas outras tiras simplesmente tratam acerca de nada em específico. O exemplo mais clássico disso é uma das poucas webcomics de publicação diária que existem, Cyanide and Happiness. A única coisa que se pode falar dessa webcomic é que seu humor é negro. O que nem sempre também é verdade. É uma tirinha de tanto sucesso que existem equipes que comumeiramente traduzem-nas em questão de instantes.

Quem curte um humor crítico e ácido, mas não entende ou não vê a menor graça no suposto cartunista-humorista-escritor Millôr, se encontrará lendo os Malvados. Política, álcool, torcedor fanático, cigarro, religião, nada escapa à visão de André Dahmer, criador dessa webcomic.

Acredito que as vantagens são bem óbvias. Uma tira que pode ser publicada na Web simplesmente tem virtualmente gasto zero. Um desenhista pode, por exemplo, hospedar suas tirinhas no formato Blog, como esse de nossa disciplina. E na hipótese de ele preferir utilizar um servidor próprio, não é difícil colocar um Google Adsense e sair lucrando alguns trocados por cada clique. E se o gasto é zero, a possibilidade de um artista totalmente desconhecido e sem recursos publicar seu trabalho aumenta. E o gasto com publicidade também é virtualmente zero, já que ele pode espalhar sua webcomic via Orkut, comentários em blogs e fóruns direcionados ao tema de sua webcomic, etc. Isso aumenta a diversidade de estilos e é quase garantido que exista por aí algum autor que faça exatamente aquele tipo de humor que faz você se embolar de rir. Afora todas as vantagens já mencionadas, há a possibilidade de arquivo. Uma webcomic publicada em um dia continua hospedada no dia seguinte. Um jornal de hoje é novidade, mas um jornal de ontem já é lixo.

As desvantagens eu vejo poucas, mas dentre elas consta a falta de certificação de qualidade do serviço. Com tantas novas webcomics sobre tantos temas, é difícl assegurar-se que um trabalho seja de qualidade ou comprometimento se não for pelo quesito popularidade. Mas mesmo esse pode ser traidor. Uma das webcomics que eu leio, chamada Goblins, promete uma publicação semanal. Entretanto, seu autor normalmente demora entre 8 a 11 dias para fazer uma postagem. E nada acontece caso ele se atrase ao publicar uma tirinha que não seja um pedido de desculpas e, no máximo do máximo, um pouco de perda de popularidade.

Para encerrar, as Webcomics ainda tem muito a crescer, mas certamente já conquistaram seu espaço dentre aqueles que seguem uma rotina diária que passe pela internet. Antigamente tínhamos os pais de família que acordavam e liam o jornal durante o café da manhã, hoje temos aqueles que acordam, vão para o pc e depois seguem sua vida. Eu, ao menos sou assim, passo uns 15 minutos diários só executando essa tarefa.

Mas para encerrar mesmo, achei isso de uma ironia incrível. Ao abrir o site dos Malvados, uma frase logo de cara se destaca: O jornal impresso é uma espécie de internet de pobres.

Um dia, André Dahmer, um dia...

3 comentários:

  1. muito bem sacada essa frase, hehe

    O Malvados é realmente bem legal, tem algumas tiras fantásticas (outras nem tanto, mas no conjunto da obra...)

    E, ao mesmo tempo, um tipo de humor que se encaixa muito bem no ciberespaço. Ou alguém poderia proferir uma frase dessa acerca dos jornais publicando na "Folha"?

    As possibilidades de rentabilidade vão além da propaganda... Camisetas, canecas e outros produtos utilizando os desenhos são boas possibilidades também, além de aproveitar-se da 'fama virtual' (argh para o termo) para publicar uma versão impressa de coletânea.

    Outra tira bem legal para quem curte RPG: The order of the stick: http://www.giantitp.com/cgi-bin/GiantITP/ootscript

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  2. eu ia falar da Order of the Stick (a minha preferida, diga-se de passagem), que além de ter um tema específico, ainda por cima segue uma história cronológica.

    E de quebra é uma das tirinhas com uma comunidade virtual muito forte. Na comunidade "oficial" do Orkut existe um grupo ativo de pessoas que efetivamente se conheceram e se tornaram amigos próximos (de viajarem juntos e tudo o mais) graças a essa fabulosa tirinha.

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